No comando do edifício Jorge Adolfo Aiva, em Copacabana, José Williamy Ferreira Cavalcante conta 30 anos administrando condomínios
Dos 40 anos que tem de Rio de Janeiro, vindo de Mombaça, no sertão do Ceará, José Williamy Ferreira Cavalcante já soma 30 administrando condomínios. Atualmente são três sob sua batuta – um deles o edifício onde mora, e outro o prédio vizinho, conhecido como Jorge Adolfo Aiva. No nº 96 da rua Barata Ribeiro, em Copacabana, é sobre o último que ele nos falou, contando a história de como veio a virar síndico dali e tudo o que já fez – e segue fazendo – pelo condomínio.
Com sonho de se formar em economia, José Williamy veio ainda jovem prestar serviço à Marinha a bordo do navio porta-aviões NAeL Minas Gerais para atracar na Baía de Guanabara. Com dificuldade de conciliar a vida militar aos estudos, anos depois optou pelo bacharelato, e enfim pegou seu diploma. Morando em Copacabana já são 39 anos, e à frente do edifício Jorge Adolfo Aiva são 12. “É muita vivência num bairro que tem muitas faces”, resume.
Ele já era síndico do Promotor Oiticica, prédio onde vive, há muitos anos antes de chamar a atenção dos moradores do Jorge Adolfo Aiva. O edifício, àquela época, estava passando por dificuldades, com uma taxa condominial alta, sem manutenção e discordâncias entre os condôminos e o síndico. “Tenho muitos amigos lá, muitos conhecidos. Não fui concorrer de cara, porque o síndico estava numa administração viciada, e eu não queria bater de frente”, lembra.
Mas acabou indo. E ganhou a eleição numa disputa digna de novela, mas que teve um final feliz. Nos 12 anos subsequentes, José Williamy não mediu esforços para melhorar a vida no edifício.
Para entender o tamanho do desafio, é bom conhecer um pouco do Jorge Adolfo Aiva. Da década de 1960, o edifício tem 160 unidades distribuídas por 12 andares, mais as coberturas. Não tem garagem ou play, mas tem portaria 24 horas, sistema de CFTV, dois elevadores e quatro lojas na parte de baixo.
De 2007 para cá a lista de melhorias realizadas não para de crescer. “Venho paulatinamente recuperando o prédio”, diz o síndico. Da lista fazem parte a troca do piso dos corredores, a modernização dos elevadores – é um social e um de serviço –, a reforma da caixa d’água e no sistema elétrico, além da instalação do circuito interno de TV. Isso tudo fora a conservação do dia a dia e as eventuais obras de manutenção.
O que talvez seja mais surpreendente na gestão liderada pelo economista – que conta com a ajuda de um subsíndico e um conselho – é que a taxa condominial não só foi reduzida, como é metade daquela que era cobrada quando ele assumiu em 2007.
Muito bem avaliado pelos moradores, José Williamy conta ainda que dois dos grandes segredos de uma boa sindicância está em contar com um conselho participativo e na maneira com a qual se lida com os funcionários do condomínio. No Jorge Adolfo Aiva são dois faxineiros (“nota dez!”, de acordo com ele), dois porteiros, um vigia e um folguista, e sua relação com todos eles é baseada no respeito.
Essa troca é extremamente positiva no resultado da administração do edifício, que possui inúmeros apartamentos de temporada. “Isso o torna ainda mais complexo, porque temos que lidar com a rotatividade e gente de todo lugar do mundo. Toda semana entram 10, 20 pessoas diferentes. Não é fácil administrar isso”, revela José Williamy, que conta com a parceria dos porteiros para ajudar os turistas quando eles precisam.
Quanto aos condôminos, a comunicação é muito feita por Whatsapp, ou pelo livro na portaria. Como o síndico mora no prédio ao lado, está sempre por preto. “Faço atendimento 24 horas”, garante o economista, contando que no dia anterior havia ficado até 1h da manhã no telefone com uma moradora.
O trabalho no prédio, no entanto, é apenas um pedaço da missão que o síndico escolheu assumir. Segundo ele, sua tarefa mais importante é com a comunidade do entorno, indo além das fronteiras dos edifícios que administra. “O síndico que se propõe a ficar muito tempo no cargo deve se preocupar não só com o seu prédio, mas com a comunidade”, afirma. Fazendo uso de abaixo-assinados, já conseguiu com que fosse instalado um sinal de pedestres na Barata Ribeiro perto do 96, e agora está na luta para que seja criada uma área de embarque e desembarque ali perto.
No Jorge Adolfo Aiva, o plano de José Williamy é concluir os projetos que ainda tem em pauta antes de pendurar as chuteiras. O primeiro na lista é concluir as obras estruturais – ainda faltam a modernização do gás e do incêndio. “Se os condôminos quiserem, gostaria de encerrar minha vida administrativa concluindo essas reformas”, diz. E depois? “Quero voltar para a minha roça, lá onde nasci, minha amada Barra Grande. Sou um apaixonado pela vida”, finaliza.
Sobre o edifício Jorge Adolfo Aiva
Localizado no nº 96 da rua Barata Ribeiro, o edifício Jorge Adolfo Aiva data da década de 1960, e possui 160 unidades em 12 andares, além das coberturas. Sem play ou garagem, ele conta com um elevador social e um de serviço, portaria 24 horas e sistema de vigilância interno.
Quem fala mais sobre o condomínio e tudo o que já foi feito nesses últimos 12 anos de sua gestão é o próprio síndico. “Sem emitir uma só cota extra já fizemos várias reformas importantes, como a troca do piso de todos os andares, a modernização parcial dos elevadores; iluminação, sistema de comunicação interna, sistema de antena de TV e CFTV, reforma das caixas de água e do telhado e, no momento, estamos finalizando a reforma dos PC’s de luz”, enumera José Williamy.
Seu plano, caso seja reeleito, é permanecer no cargo por mais cinco anos para realizar as reformas estruturais que faltam: gás e incêndio.