Guilherme José Gabriel Santos, há cinco anos síndico do Edifício Califórnia, no Leme, colocou no papel as melhorias que queria para o prédio. E as colocou em prática
Já fazia cinco anos que o arquiteto Guilherme José Gabriel Santos morava no Edifício Califórnia, no número 762 da Av. Atlântica, no Leme, quando seu nome foi levantado em assembleia para assumir a sindicância. A escolha não foi à toa: Guilherme já vinha colaborando com a síndica anterior e seu conselho, dando sugestões de melhoria, e sua proatividade veio como a solução ideal para a gestão do Califórnia. Só coube ao arquiteto aceitar a eleição e arregaçar ar mangas.
Cercado de seu próprio conselho, formado por mais três moradores, Guilherme desenhou um planejamento assim que assumiu como síndico, definindo quais reformas seriam necessárias para o edifício. Diante de um prédio que soma mais de 80 anos desde a sua construção, essa estratégia mostrou-se acertada. Com uma longa lista de melhorias realizadas nos últimos cinco anos, Guilherme afirma que nunca foi preciso cobrar taxa extra dos condôminos.
Com a portaria principal de frente para a praia e uma de serviço voltada para a rua Gustavo Sampaio, paralela à Av. Atlântica, o Califórnia conta com cerca de 30 apartamentos espalhados por dez andares e uma cobertura. Datando da década de 1930, o condomínio tem baixa rotatividade de moradores, o que faz com que a média de idade dos condôminos seja mais alta. Um dos principais motivos que Guilherme atribui à sua eleição é que ele, sendo mais jovem, traria um novo olhar para a gestão do edifício.
Justamente pelos condôminos se conhecerem há anos, o síndico diz que a ideia de colaboração é muito boa. “São poucas pessoas, então temos poucos problemas”, garante. Por ser muito antigo, o prédio não tem play e tampouco tem vaga para todos os apartamentos na garagem, que fica no subsolo – somente a cobertura e os apartamentos que ficam de frente para a praia têm espaço ali.
Para que não haja confusão, há uma regra para que os moradores que saem mais cedo estacionem mais perto da saída, em vagas mais fáceis de manobrar. De qualquer maneira, todos deixam as chaves dos seus carros com os porteiros, que manobram sempre que necessário.
Em estilo art déco, o prédio, diz Guilherme, é bem conservado. Sua formação como arquiteto sempre permitiu que ele emprestasse ao edifício uma análise mais técnica, e desde que se mudou ele vem ajudado nesse sentido.
Como síndico, o primeiro projeto do planejamento a ser colocado em prática foi um de segurança. “Queríamos certificar o prédio junto ao corpo de bombeiros”, revela Guilherme, que conta que foi um trabalho de três anos. “Não foi fácil”, diz.
A lista total inclui fazer uma rede de incêndio dentro das normas, uma parte de sinalização horizontal toda nova, bem como um pararraio novo, além de um sistema de CFTV que ampliou de três para 21 câmeras de segurança. Para completar, uma empresa foi chamada para certificar toda a rede de gás, e os extintores foram todos verificados.
Guilherme lista ainda a reforma das duas fachadas do Califórnia, a troca do PC de luz, bem como de todas das esquadrias de acesso das portarias, e a instalação de um sistema de bomba de recalque para que a garagem não ficasse submersa em caso de enchentes. “Há uma longa lista de melhorias de 2014 até hoje”, afirma o síndico.
Com quatro funcionários e um folguista, o edifício possui também uma portaria que funciona 24 horas por dia. Enquanto dois porteiros se dividem em dois turnos entre 6h e 22h, um vigia assume o posto entre 22h e 6h, e um zelador fica responsável pela limpeza.
A comunicação entre o síndico e os condôminos também flui sem soluços. A maioria fala diretamente com um dos porteiros quando tem um problema, e caso eles não consigam resolver, a batata é passada para Guilherme, que busca o morador e resolve.
Sobre o futuro, Guilherme acredita que siga no comando ao lado do seu conselho até 2020, quando pensa que será hora de passar o bastão. “Espero que apareça alguém disposto. Precisamos de novas ideias para renovar”, decreta.
Sobre o edifício Califórnia
Localizado no número 762 da Av. Atlântica, já no Leme, o Edifício Califórnia possui uma portaria de serviço – onde também é a entrada da garagem – na rua Gustavo Sampaio, paralela à praia. Com mais de 80 anos de construído, o prédio tem 10 andares e cerca de 30 apartamentos, além da cobertura.
Uma garagem no subsolo atende às unidades de frente para a praia e a cobertura. O prédio conta ainda com três elevadores, sendo um de serviço. Em sua equipe, o Califórnia tem dois porteiros, um vigia e um zelador, e entre as inúmeras melhorias realizadas durante a gestão de Guilherme está a reforma das duas fachadas.
Para driblar a escassez de água num período em que os reservatórios estavam em níveis historicamente muito baixos, o condomínio ganhou ainda um sistema de captação de chuva e do pinga-pinga dos aparelhos de ar condicionado. A água é então armazenada em caixas d’água e usada para lavar a calçada, a garagem, etc, numa solução que é não só econômica, como verde.