Soluções para reduzir o consumo de energia em casa e no escritório traduzem em contas de luz mais baixas no longo prazo

O ano mal começou, mas já é bom ir preparando o bolso: a conta de luz pode ficar 2,81% mais cara para os consumidores da região sudeste em 2020, segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Entre isso e a variação de bandeiras tarifárias, o verão promete pesar no bolso no carioca. Para o calor doer menos no orçamento, algumas soluções podem ser adotadas entre quatro paredes. O investimento numa casa ou escritório que preze pela eficiência energética vira economia no longo prazo – e, eventualmente, reduz o impacto dos inevitáveis aumentos das tarifas.

A primeira preocupação ao se pensar em fazer de um espaço o mais eficiente possível é tirar o máximo de vantagem da energia do sol. Pode parecer contraditório quando se tenta fugir do calor, mas aproveitar a luz solar faz com que as lâmpadas sejam acesas com menos frequência (ou mais tarde) e com que as roupas sequem mais rápido no varal – e sem a necessidade de se usar uma secadora.

Mas para que a entrada do sol não saia pela culatra no caminho da eficiência energética, uma solução muita usada nos carros pode vir a quebrar um supergalho também em casa: o insulfilm. A aplicação da película diretamente nos vidros pode ser feita a qualquer momento – ou seja, não precisa estar prevista em nenhum projeto. Imóveis com inúmeras janelas costumam tirar o maior benefício da solução, que barra boa parte dos raios ultravioletas e, consequentemente, diminui o aquecimento interno do cômodo.

Esse tipo de controle de temperatura é ainda mais benéfico por não exigir qualquer tipo de energia, e de quebra ainda reduz o gasto com o aparelho de ar condicionado, que terá que fazer um esforço menor para refrigerar um ambiente menos quente.

No mercado há diversas opções da película, que vão variar de acordo com a necessidade de cada um. O bloqueio de calor costuma variar entre 20 e 90%, sem com isso deixar o ambiente escuro como consequência. Cômodos que ficam virados para a rua ou mais expostos a vizinhos podem se beneficiar ainda com películas reflexivas ou semi-reflexivas, que garantem, além do bloqueio do sol, um bloqueio visual de quem está de fora.

Outra vantagem pouco listada do insulfilm é a proteção dos móveis e eletrodomésticos que recebem diretamente a luz vinda das janelas. Com a película funcionando como um filtro, o desgaste deles acaba diminuindo, aumentando, assim, a durabilidade do que se tem em casa ou no escritório.

Mas cuidar das janelas está longe de ser a única maneira de fazer de uma casa mais eficiente do ponto de vista energético. Na verdade, o primeiro passo nesse caminho da redução da conta de luz é observar o selo Procel dos eletrodomésticos que se tem em casa – e especialmente daqueles que pretende comprar.

Instituído por decreto presidencial em dezembro de 1993, o selo foi criado para que os consumidores pudessem escolher melhor os produtos que levam, considerando uma escala de eficiência energética. Concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (daí a sigla Procel), o selo classifica os produtos de “A” – mais eficiente – a “G” – menos eficiente.

Da lista de equipamentos avaliados fazem parte não só eletrodomésticos, como refrigeradores, lavadoras, aparelhos de ar condicionado e televisores, mas também as lâmpadas que usamos por toda a casa. O critério de concessão do selo cabe à Eletrobras que, junto ao Inmetro, realiza ensaios específicos em laboratório seguindo os parâmetros definidos pelo programa.

Ainda que a casa seja equipada com os produtos mais eficientes, de pouco adiantará se as pessoas que nela vivem não adotarem hábitos mais conscientes. É preciso ficar sempre vigilante: apagar as luzes ao sair de um cômodo, não deixar a TV ligada se não tiver ninguém assistindo, evitar o abre e fecha da porta da geladeira e usar com menos frequência a máquina de lavar roupas são alguns dos primeiros passos.

Outra solução que vem sendo cada vez mais adotada são as lâmpadas LED. A cada hora, uma lâmpada incandescente de 60W consome de quatro a cinco vezes mais energia do que uma fluorescente de 15W, e nada menos que 10 vezes mais do que uma de LED de 7W.

O grande problema das incandescentes é que, ao ser ligada, apenas 8% da energia que ela consome vira luz – os 92% são transformados em calor, o que explica porque são uma má escolha, especialmente no verão. Optar pelas lâmpadas de LED pode traduzir em até 7% de economia na conta de luz, segundo cálculos do Instituto Akatu, organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente.

É do Akatu mais uma dica de ouro: não deixe os aparelhos em modo stand-by. Sabe quando a TV é desligada, mas ainda assim fica com uma luzinha acessa? Pois então: dois televisores mantidos em modo stand-by consomem a mesma energia que um aparelho de DVD ligado por duas horas, todos os dias, durante seis meses. O que fazer então? Tire tudo da tomada.

Se o ditado já dizia que tempo é dinheiro, energia elétrica o é ainda mais. As contas não mentem: estima-se que a adoção de medidas para economizar energia pode virar R$ 55 mil a mais no bolso ao longo dos anos. Precisa de mais motivo para investir numa casa mais eficiente? É só começar.