Impor limites, ter método de trabalho e autocuidado estão entre as medidas para o síndico segurar a onda em meio à tensão, mudanças e incertezas na pandemia
A vida do síndico nunca foi fácil e a pandemia de coronavírus aumentou de forma exponencial os desafios diários, turbinados pelo ineditismo e tensão do momento. Afinal, não existe curso preparatório para gestão de pandemia no condomínio.

Em meio à elaboração de protocolos sanitários, novos decretos, adoção de tecnologias para comunicação e assembleia virtual, acompanhamento acirrado das finanças e gestão de conflitos de vizinhos está a figura do síndico estressado.

Selecionamos alguns pontos que devem ser levados em conta para uma gestão com baixo nível de estresse.

1. Estabeleça limites 

  • Estabeleça horários específicos para que os moradores possam interagir pessoalmente (ou por vídeoconferência) e tirar suas dúvidas.
  • Estabeleça meios de comunicação oficiais de atendimento, seja por telefone ( o ideal é ter um número exclusivo par este uso) ou por email, além dos aplicativos que podem ser de grande ajuda na administração das reclamações, crítica e sugestões.
  • Estipule prazo de resposta para evitar cobranças fora de hora.
  • Somente emergências podem quebrar essa regra.

2. Tenha um método de trabalho e organização

  • Use um quadro onde estão mapeadas todas as situações permanentes para acompanhamento diário e semanal.
  • Faça uso de agenda para as demandas diárias com prazos bem sinalizados.
  • Mantenha a papelada organizada
  • Planilhas com todos os compromissos e prazos listados.

3. Se mantenha atualizado

  • A falta de conhecimento e de preparo também são gatilhos para o estresse do síndico. Por isso, todo gestor deve se manter atualizado, seja por meio de cursos, leituras, eventos, webinars ou lives – muitos gratuitos.

4. Compartilhe responsabilidades

  • O síndico não pode assumir o papel de super-herói e demonstrar que pode resolver tudo sozinho.
  • Além de contar com apoio dos conselheiros para debater assuntos relevantes e tomar decisões, o síndico também pode sugerir a formação de comissões de moradores para auxiliá-lo em diferentes assuntos, como obras, decoração, paisagismo, manutenção de áreas, festas etc.
  • Alinhar expectativas: tenha um plano com prazos para cada etapa.
  • Relembrar o papel de cada, principalmente o do síndico, subsíndico e conselho.
  • Não deixe de formalizar uma conversa ou decisão. Seja na ata do condomínio, por carta ou email. Deixe registrado.

5. Respeite seus limites

  • Ao conhecer o seu limite e identificar se naquele momento está apto a lidar com a demanda daquele interlocutor (não raro, um condômino explosivo), o síndico tem a chance de evitar um pico de estresse desnecessário.
  • O síndico também deve conhecer os limites do volume de atividades que é capaz de executar. Por isso, atenção na hora de se candidatar no condomínio onde mora ou aceitar participar de novas concorrências e ampliar a carteira de clientes.

6. Cuide de sua saúde física e mental

  • Física: Alteração de apetite, muita dor de cabeça, perda de memória, dormir demais e isolamento  são sintomas que também requerem atenção. Percebeu outras alterações e sintomas físicos? Está na hora de ir ao médico.
  • Mental: Você está com a paciência curta, ‘estourando’ muito e gritando? O emocional pode estar abalado. Fazer terapia pode ajudar a identificar o que está saindo do controle.
    Incorpore ao seu dia a dia práticas saudáveis:

    • Faça uma caminhada de 30 minutos
    • Meditação ou mindfulness: ao trabalhar a respiração, as práticas ajudam a pessoa a manter o equilíbrio
  • Ter um hobby: desenvolver alguma atividade prazeirosa, livre de qualquer obrigação é prazeroso.

7. Sua vida pessoal e familiar em primeiro lugar
O síndico precisa aprender a se desconectar até mesmo para fazer as ideias fluírem. E para conferir, fale se perguntar:

  • Quanto tempo tenho ficado longe da família?
  • Quantas vezes isso acontece na semana?
  • Quanto tempo tenho dedicado à vida social/descanso?
  • Familiares e/ou amigos reclamam da minha ausência?

8. Saiba quando é chegada a hora de parar
É preciso ter sensibilidade, sabedoria e humildade para reconhecer que, provavelmente, o ciclo naquele condomínio se encerrou.
Veja alguns sinais de que o seu tempo em um empreendimento está chegando ao fim:

  • projetos reprovados
  • reuniões truncadas com conselho
  • assembleias marcadas por bate-boca
  • perda de entusiasmo
  • esgotamento
  • bloqueio de ideias inovadoras
  • perda de confiança dos condôminos.

Se a situação estiver insustentável, não espere o mandato acabar: renuncie sem hesitação. Sempre é bom saber reconhecer nossos limites e escolher nossas batalhas.